22 de fev. de 2010

PRA QUEM ACHA QUE O VELHO BUKOWSKI É UM ESPÍRITO QUE VAGA POR AQUI!

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Quando vim ao Bar Bukowski pela primeira, não fazia idéia de quem seria esse tal de senhor Buko. Pensei que poderia ser o dono da casa. Ou um barbudo que andava ou ainda anda por aqui. Depois de algumas semanas, deixei de ser cliente e me tornei funcionária. Depois de algumas poesias, permaneci sem entender aquele homem bêbado e seus encontros com o cotidiano. Até que me foi apresentado, por uma grande amiga, atriz dedicada às obras de Bukowski, o livro com caráter autobiográfico: “Misto quente”.

Henry Charles Bukowski Jr., nascido em 16 de Agosto de 1920 na Alemanha, mudou-se criança para os Estados Unidos. Filho de soldado americano e mãe alemã, cresceu no subúrbio de Los Angeles. Foi uma criança atormentada por um pai frustrado e autoritário. Na adolescência, teve o rosto e toda a parte superior do corpo tomada por inflamações. Abandonou a escola, onde tinha poucos amigos, por um ano. E foi nesse tempo que descobriu vícios que tornaram a vida menos insuportável: álcool, literatura e mulheres.

Teve seu primeiro livro publicado em 1955. Em 1962, iniciou-se na prosa, descrevendo sua vida pessoal. Numa obra obscena, narrou a vida de pessoas comuns. Pessoas que transam, tomam porres, pagam aluguel e trabalham. Além de seus inúmeros relatos envolvendo prostitutas e submundos.

Começou a beber e a escrever compulsivamente, enviando seus textos a diversas editoras independentes. Até que a editora Bárbara Frye se convenceu do talento de Charles Bukowski. Eles se casaram e se separaram com a mesma rapidez. Depois da separação, nasceu o alterego que o tornaria famoso: Henri Chinaski. Transformando suas angústias e bebedeiras em poesia. Com a sua antiga máquina de escrever, escrevia sem censura.

Tornou-se celebridade em 1980, tendo sua obra “Barfly – condenados pelo vício” adaptada para o cinema. Morreu em Março de 1994, de leucemia. Em seu túmulo lê-se “Don’t try” (Não tente). Um poeta das ruas, um autor maldito. Um alcoólatra, politicamente incorreto, solitário e marginal.

18 de fev. de 2010

QUANDO DESCOBRI QUE O BAR BUKOWSKI ERA MEU MARIDO!

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Minha primeira vez no Bar Bukowski foi na São João Batista. Para quem não sabe, o Bar já teve quatro endereços: primeiro, na Rua Paulo Barreto; depois, na Paulino Fernandez; terceiro, na São João Batista e por último Álvaro Ramos 270, onde estamos até hoje. A casa que homanageia o autor Charles Bukowski está resistindo desde 1997!

Aqui é um lugar comum. Um trabalho como outro qualquer. Porém, o que nos faz diferentes, é que trabalhamos entre amigos. E temos toda a liberdade que um ser humano deve ter. Somos felizes com essa pitada de loucura, liberdade e trabalho. Unidos para que todos os frequentadores se sintam em casa.

Trabalhamos de 2ª a 6ª no escritório para que o final de semana aconteça. Aqui, além de muito trabalho, existe também muita brincadeira. São copos cheios de água escondidos atrás da porta; guerra de spray de cabelo; cigarros que explodem; sustos repetitivos e quedas em câmera lenta da Maria. Tem também o jeito meigo do Pato Novo e a braveza misturada com a proteção de pai do Arnaldo Sampaio. Já eu, sou bem brava. Todos me conhecem por isso. Mas a braveza é só para esconder esse lado chorão. Charles Bukowski também era bravo. Por que será? Não porque seria um chorão. Acho que era uma defesa (Leia “Misto Quente” e entenderá!).

Depois de anos de trabalho, entendi que isso não era apenas um trabalho. Aqui não se trabalha apenas. Vive-se para o Bukowski. Casa-se com ele. Não lamento por nada disso. Foi aqui que fiz uma vida. Foi aqui que fiz amigos. Foi aqui que encontrei meu amor. Então, se, em vez de 2 anos de casamento, eu viver 30, terei a certeza de que foram os melhores anos de um casamento e de uma vida.   

Ele me faz feliz todos os dias!

Abs,

Eu