8 de mar. de 2012

TRAGO LEMBRANÇAS DE TERRAS DISTANTES


Certo dia há mais ou menos um mês, fui raptada para terras distantes. Era hora de reavaliar a vida. Ver um novo cenário e viver novas experiências. Pareceu-me claro a missão. Uma casa no meio do mato, muitas garrafas de bebidas, alguns maços de cigarro, folhas de papel, um lápis e comida. Precisava ficar sozinha e escrever, apenas escrever. Pulsava em mim um desejo enorme de viver esse encontro com a solidão.

Nesse tempo aprendi lições valiosas... Na primeira noite tomei um porre tão sinistro que terminei a noite cantando e falando comigo mesma (lição número um: tomar um porre com alguém é sempre mais gostoso). Em outra noite, fui acender a fogueira e não sei como surgiu um algodão no meio e um assopro animado que caiu dentro do algodão e que causou um pequeno incêndio que foi apagado com um grito, uma corrida até o quintal e algumas pisadas desajeitadas para não causar um incêndio na floresta. Obviamente que antes teve uma corrida por toda a casa, segurando aquela caixa de algodão que lambia sem parar (lição número dois: não tenha um algodão por perto quando tiver fogo).

Também tiveram momentos memoráveis. Um peixe assado na fogueira com um pouco de tomilho e azeite que estava espetacular (lição número três: sempre leve um bom azeite para onde quer que você vá). Na metade da viagem a bebida acabou e eu tive que ir à cidade próxima para comprar mais. Sem álcool não havia solidão (lição número quatro: nunca ache que a bebida é suficiente). Momentos de muito silêncio (lição número cinco: sempre leve um livro e música para qualquer lugar. Você nunca estará totalmente sozinho).

Fui surpreendida três dias antes do final da viagem por Grande Oráculo, Baronesa e Totonha, que apareceram para me buscar. Acabava ali a solidão. Ah... Mas quer saber? Já estava cansada dela. Sentia falta dos meus amigos e da maneira que eles falam sem parar. Da beleza que é dividir uma garrafa de vinho com alguém. Acabou a moleza. Era hora de voltar à realidade. A experiência foi ótima. Uma transgressão ao fato de ser eu mesma. Um grito silencioso. Um ir e vir do abismo. Uma compreensão da importância de se contemplar não só a vida, mas cada momento vivido na vida. Só continuo falando sozinha. Hábito ultimamente adquirido, mas depois que vivi nas terras distantes, nunca mais fui a mesma. Havia me tornado uma outra mulher e como era bom ser mulher :)

Atenciosamente e saudosamente,
Miss Janis. 

2 de fev. de 2012

COMEÇA ASSIM...


Fiquei esperando uma boa história para começar o ano. Quando vi, já era dia 2 de Fevereiro e nada... Dava para ouvir os grilos: cric, cric, cric. Foi quando me dei conta de que nenhuma história seria tão perfeita, nenhuma palavra tão poética, nenhum conto tão verdadeiro para iniciar um ano. Com isso, pensei em mentir. Ia inventar uma história mirabolante. Cheia de ação. Porres homéricos. Pessoas nuas. Garrafas espalhadas... Mas me sentiria saindo direto de um conto do Bukowski e isso, não precisa mais ser contado.

Como não havia nada de novo, achei que era uma boa hora para desejar:

Eu desejo a vocês a vida. Desejo que ela seja ainda mais viva. Desejo que as quedas sejam amortecidas e que não haja mais dor. Que o amor vença todas as paradas e o ressentimento seja riscado do dicionário. Desejo dias ensolarados e dias alegres de verão. Que a vida a partir de agora, tenha gosto de Chicabon. Desejo noites agitadas, para dias felizes e uma vida repleta de paixão.

Que comece o ano e com muito rock and roll.

Abraços,
Miss J.

21 de dez. de 2011

EMBARCAMOS NO TREM DA MUDANÇA



Há pouco, perdemos nossa secretária hiperativa. Ela se apaixonou por um skatista tatuador e se mudou para São Paulo. Sentimos, afinal, quem clicaria nos quase dez mil nomes dos eventos do Facebook sem reclamar? Quem chegaria aqui sem remédio da hiperatividade tomando Coca-Cola? Quem? Quem? Quem? Sempre é difícil quando alguém sai. Esse ano, tivemos perdas significativas. Todo mundo indo em busca dos seus sonhos. Alguns vimos algumas vezes, outros vemos sempre e poucos não vimos nunca mais. Esperamos que estejam todos bem.

Tomados então, por tantos acontecimentos, era hora de encontrar alguém. Uma pessoa criativa, engraçada, que soubesse escrever e que gostasse de rock. De preferência que fosse mulher, afinal, estava chato ser a única mulher no meio de tantos homens. Recebemos alguns currículos. Lemos alguns textos. Fizemos duas entrevistas. Percebemos que é importante encontrar alguém que tenha mais coração do que técnica e com isso, encontramos esse alguém. Com vocês: Totonha.

Seu ritual de iniciação começou com um bom ritual bukowskiano. Álcool. Muito álcool e algumas coisas a mais. Não se preocupem. Não estou falando de drogas. Não precisam tirar as crianças da sala. As vovós não precisam começar a achar que eu sou uma má companhia. Eu vou explicar. O ritual teve algumas etapas. Sexta passada, pegamos as fantasia da festa que ia ter no bar em Copacabana. O dia estava lindo... Esticamos até ao Leme. Ficamos lá. Bebemos. Uns, chopp. Outros, vinho. Estava ótimo. A tarde no Leme estava rosa. Tudo perfeito. No meio do caminho alguém que não era uma pessoa do bem, deu a idéia de irmos até a Lapa antes de a casa abrir. Lá, conhecemos uns hippies malucos. Tomamos uma cachaça deles com um gosto muito ruim e terminamos bêbados e doidos, fantasiados no Bukowski para trabalhar. Foi indescritível.

A segunda parte do ritual aconteceu há dois dias. Todo mundo tendo final de ano nas suas empresas. Pensamos: “Muito bem. Temos que ter a nossa também”. Entre viradas de uísque, vodca e tequila, noventa e cinco chopps para seis pessoas. Ficamos bem doidos. Bem mesmo. No dia seguinte a derrota foi certa e a novata que já não é mais uma novata, apenas mais uma de nós, teve sua iniciação e que o velho Bukowski diga amém.

Em  clima de Natal,
Miss J. 

* Não se esqueçam que estaremos todos aqui dia 24/12 a partir de 23h59.

1 de dez. de 2011

EM NOME DA COMPREENSÃO



É. Eu sei. Entre tantas palavras optei pelo silêncio. Estava fugindo de mim mesma. Não estava encontrando o que dizer. Estava vivendo dias de chuva, para poder viver agora dias de sol. Superando os drama para enxergar a beleza da vida. Vivendo emoções e acasos inimagináveis. Momentos em que agradeci imensamente por estar viva. Nada supera a beleza da vida!

Vai chegando o final do ano e vamos sendo tomados por esse sentimento esquisito. Por essa vontade de algo mais... De muito mais. Não queria estar em outro lugar a não ser aqui, então, para o próximo ano, prometo muitas histórias, mas dessa vez é sério. Estou parando de quebrar promessas ou quem sabe, apenas fazendo mais uma. Quem vai saber?!? Quem voltar para conferir. Fiquei feliz ao entrar hoje, depois de muito tempo e ver que o blog continua aumentando. Fiquei malditamente entusiasmada (hehehehe). Que venham boas histórias! Embriagada dessa vez não de álcool, mas de alegria. De fato, não queria estar em outro lugar a não ser aqui.

Com amor,
Miss J.

1 de set. de 2011

PASSADA A CEGUEIRA DO VELHO ERA HORA DE CONTINUAR

Tudo começou assim: tinha o documentário de plantas e o do The Doors para assistir. Confiando na amizade, optou pelo de plantas. Assistiu. Detestou. Só não contava que aquelas seriam as últimas cenas que veria em dias. Ao acordar olhou ao seu redor. Não reconheceu a velha poltrona. Não conseguia ler o livro de Pessoa que repousava em sua cabeceira. Não viu nada. O velho estava cego, graças à pressão alta nos olhos. E eu? Virei babá. Teria que cuidar dele.  Amigos servem para essas coisas. Enquanto isso, Miss Ressaquinha e Miss Artista pediam demissão.  Com a saída delas ficamos desfalcados e carentes, sofrendo um tipo de síndrome pós-abandono. Isso é normal. Toda vez que alguém sai, nos sentimos culpados e viúvos. 

Na quarta, parti para a casa do Velho. Cheguei lá e entendi o porquê da sua belíssima saúde. Abri a geladeira e só tinha água, bebida e queijo. Frutas e legumes ele não comia há meses. Primeira ação: ir ao mercado. Ele ia andando sem enxergar ao meu lado e eu ia perguntando: gosta de melão? Não. Maça? Não. Chuchu? Não. Aipim? Não. Só consegui comprar batata, banana, brócolis, laranja e limão. Isso com muita insistência. Depois do mercado, tínhamos a formatura do Mister Money e o Velho queria muito ir, pois tinha ajudado a fazer o discurso da formatura. Fomos e eu tive o meu dia de narrador.

Na sexta, fomos trabalhar no Bukowski juntos. Ele disse: você será os meus olhos. Você me diz o que vê e eu dito a cena para você. Na sexta, trabalhamos afinados. Sábado, estava dormindo pela manhã quando acordo com ele aos berros. Ele estava curado. A pressão dos olhos havia baixado e ele já estava enxergando normalmente. Abriu a janela da sala e lia cada placa na rua, cada ônibus que passava. Como recompensa me levou para comer na Lagoa. Comida saudável, já que não estou podendo beber e nem nada. Lembram: a porra da vida? Eu comendo brócolis, agrião e grelhado e ele bebendo chopp. Filho da puta (hehehe)! Te amo, Velho!  

No fim foi uma experiência ótima. Entre brigas, já que não podia deixá-lo beber, histórias que faziam a barriga doer. Ele é um cara sensacional. Eram histórias de mulheres normais; mulheres bizarras; mulheres histéricas; de porres que ele chegava em casa sem saber como; das vezes que ele foi preso e acordava na delegacia sem saber porquê; da vez que acordou nú na praia apenas com uma garrafa de vinho e alguns cigarros molhados (ele contou essa história rindo e dizendo: a merda é que os cigarros estavam molhados!); na viagem a Espanha onde ele se apaixonou perdidamente por uma mulher; da mulher esquizofrênica que ele teve e que de acordo com ele, a que provavelmente mais amou. Enfim. Um homem com muitas histórias.

Foi muito bom mesmo, Velho. Sua cegueira foi também a minha cegueira. Com muito prazer, mas sem sexo (hehehehe). Isso só ele vai entender. Desculpem. Ah... Já ia me esquecendo. Já estamos curados da síndrome e com mais dois personagens: Miss Hiper e Mister Bicho. Miss Hiper, entrou na semana passada. Meio doida, mas inteligente e bem sensível por mais que não pareça no primeiro momento. Na verdade, pensei em mandar ela embora umas cinco vezes em uma semana, mas agora estou encantada por ela. Mister Bicho entrou essa semana. É o grande novato do grupo. Sem muito que dizer por enquanto, mas parece gente boa. Eu ando bem. Estou conseguindo andar na linha, mas não é fácil. Nada é fácil, mas ninguém disse que seria fácil.

Beijos e até breve. Porque estou cheia de coisas para contar,

Miss J.   


4 de ago. de 2011

ERA A PORRA DA VIDA!


Quando se nasce um doido, um insano, alguém que gosta de desafiar a vida, nasce também a polêmica e todos os males por se escolher essa vida. Nunca achou que seria normal. Ainda criança dizia que queria casar três vezes e só na terceira ter filhos. Enquanto as amigas gostavam de Barbie, ela gostava de bola e da máquina de escrever. A primeira a perder a virgindade. A primeira a fumar maconha e a ficar bêbada. A amiga que nenhuma mãe queria por perto. A mãe sofreu um bocado. Amenizado o desespero de viver da adolescência, ainda demonstrava sinais “bukowskianos”. Era um maldito. Assim como Charles Bukowski, Tompson e Jack London.

Resolveu procurar um médico para um simples “check-up” e como a vida não tem nada de justa, descobriu que estava doente. Com diabetes e hipertensão, não poderia mais beber, nem utilizar qualquer outra substância que a animava. Lembrou da frase de Woody Allen, “você pode viver até os cem anos se abandonar todas as coisas que fazem com que você queira viver até os cem anos” e viu sentido naquilo. Viver por cem anos ou viver feliz? Não achou resposta. Ainda tenta encontrá-la no meio de um monte de questões. Culpou a Deus, mesmo sem acreditar.

Por fim, aceitou o desafio de se recriar. Não sabia como, mas tinha um grupo de amigos fantásticos que estavam ali para ajudar. Agradeceu e percebeu que seria mais fácil recomeçar já que não estava só. Pensou em fugir para a Índia para um retiro, mas tinha que continuar exatamente onde estava. Não reconhecia a força que tinha. Isso ela só vai aprender, enquanto se recria. Agora ela só grita: mas que porra de vida!

Enfim, mas não o fim (eu não desisto jamais),
Miss J.

28 de jul. de 2011

HÁ QUE SE SABER ACABAR, MAS COMO?


Eu sei que teve gente que leu o título e pensou: “Graças a Deus, não terei mais que agüentar essa garota!”, mas não farei isso com aqueles que ficaram tristes (Obrigada. Eu quero mandar um beijo pra minha mãe, pro meu pai e pra você!). Porém, ainda sim, posso dizer que não se trata de um assunto dos mais agradáveis. Quando o Mister Pausinha saiu do Bar ele escreveu: “Há que se saber acabar.” Ele só não escreveu, como se esqueceu de falar, como?

Miss Ressaquinha resolveu sair do Bukowski para estudar. Está indo viver em Buenos Aires com seu namorado para estudar literatura. Cansou-se da faculdade de letras e resolveu ver as coisas como elas são. Eu fico super feliz que ela esteja feliz, mas estamos todos tristes. São seus últimos dois dias e nós já estamos sentindo saudades. Grande Oráculo nem apareceu essa semana. Acho que ele está se sentindo abandonado. Sempre nos sentimos esquisitos quando alguém se vai, mas a vida é assim. O mundo é muito grande quando se tem dezenove anos e minha “pequeninha” tem mais é que ganhar esse mundo.

Semana passada eu fiz quatro anos de Bukowski. Já vi muitos deles saírem, mas dessa menina que tem dividido comigo grande parte das histórias impressas, divulgadas e criadas por aqui, é a que vou sentir mais falta. Foi muito bom dividir com você algo tão importante para mim. Você sempre será uma neta do Bukowski. Todos nós sentiremos saudades. Estamos torcendo para que você encontre o seu caminho, afinal, sabemos que você está buscando por ele. O melhor de tudo é que na hora certa ele aparece e você não vai nem perceber. Divirta-se, participe e se exponha sempre. Parece clichê, mas a vida foi feita para ser vivida.

Essa semana tem o “Dia Mundial do Orgasmo”. Quero ver todo mundo aqui!

Com pesar,
Miss Janis.