21 de jul. de 2011

COMO É QUE SE TERMINA OU COMEÇA NUM BAR?




Quando eu era pequena, filha de médicos, eu também queria ser médica. Depois com nojo de coisas estranhas e as péssimas notas de biologia e química, desisti. Nesse instante, aos nove já arriscava os primeiros contos na máquina de escrever. Já ia muito bem com as palavras e já tinha me apaixonado pelos livros. Naquelas páginas, o mundo a minha volta parecia pequeno. Com isso, sangue, veia, etc, já não tinham mais graça.   

Na hora do vestibular o caminho foi certo: jornalismo. Estudei. Formei-me com louvores (expressão usada pela banca da minha monografia) e fiquei desempregada. Nesse momento já me aventurava numa vida bem bukowskiana. Andava de bar em bar, viajava sozinha sem dinheiro no bolso, fugia das pessoas e tinha na imaginação a fuga de mim mesma.

Até que eu conheci o Grande Oráculo e vim trabalhar no Bar. Na época, tinha acabado de passar num trainee da Light, mas trabalhar em um bar era quase um sonho de criança. Fazer parte da noite do Rio de Janeiro, ainda mais de um bar onde eu gosto da música, gosto das pessoas e ainda bebo dose dupla de destilados por conta da casa. Oh... Mas que maravilha.  Ainda bem, pois hoje estaria respondendo sobre bueiros, em vez de estar falando sobre bebida, música e literatura. Hoje, eu escrevo e não preciso ser jornalista; participo das reuniões de pauta mais malucas da história; tomo porre com meus amigos de trabalho às 15h da tarde em pleno expediente, etc.

É óbvio que existe o lado ruim. Há quatro anos não saio; eu devo ter envelhecido uns dez anos (rsrsrs); trabalhar com bêbado nem sempre é a melhor coisa do mundo; e apesar da maioria ser de pessoas geniais, também esbarramos com os “malas”. Mas saber que de certa forma, eu faço parte de uma casa que vem resistido desde 1997, fazendo um trabalho diferente e fugindo de toda essa mesmice que achamos por aí, não tem preço (roubando o slogan alheio). Sem dúvida, eu trabalho num lugar muito especial e por isso que eu digo: isso nunca foi um fim, mas um começo e que Charles Bukowski diga amém.

Abraços,
Miss J.

P.S.: Valeu, velho Charles, por provar que até os caras mais loucos e considerados "casos perdidos" como nós, podem continuar a resistir.

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