16 de dez. de 2010

ENTRE MORTOS E FERIDOS, GANHAMOS TODOS. INCLUSIVE O ANDRÉ


Na volta para o Brasil, toda a jornada Orlando-Miami, Miami-Rio, teria que ser refeita. Como saímos do hotel às 10h, chegamos cinco horas antes do vôo no aeroporto. Até aí tudo bem. Estava com saudades de casa, esperaria até o dia inteiro. Nosso vôo estava marcado para 19h50 (horário dos EUA). Quando cheguei à poltrona indicada, percebi que teria como companheiros de viagem um casal. Os dois, super apaixonados, trocavam carícias e juras de amor. Pensei: “que merda!” – Longe de casa e morrendo saudades do meu “namorido” Jimmy H, comecei a me sentir incomodada com as cenas explícitas de amor.

Percebi que havia um banco com três lugares vazios atrás de mim. Quando fui mudar de lugar, uma mulher que estava com os dois filhos, resolveu mudar também. Ambas estávamos de olho nas poltronas. Só que ela não foi sozinha. Levou junto as inúmeras malas que estavam com ela e as acomodou confortavelmente nas outras duas cadeiras. Cheguei, pedi licença e a ajudei a tirar as bolsas de uma das cadeiras. Sentei e ela me olhou com uma cara que dava medo. Para identificar a cena: ela, na janela; as bolsas, no meio e eu, no corredor. "Me esparramei" (licença poética quanto a utilização errada do português, para que percebam como eu estava acomodada) na cadeira.

Enquanto isso, a maluca da mulher, gritava com o filho que estava no corredor ao meu lado: “André, coloca as bolsas na cadeira vazia”. Nunca vi ninguém tratar as malas de maneira tão carinhosa. O paspalho do André parecia surdo e ela não parava de gritar: “André, pega as malas e coloca na cadeira”. Foi nesse instante que comecei a me irritar. A essas alturas, já estava com o MP3 a todo volume e não satisfeita comecei uma batalha com: A MALUCA (estreando nos melhores cinemas). Ela tirou o tênis, tirei o meu que estava com um "cheirinho" suspeito; ela ascendia as luzes da poltrona dela e eu apagava da minha; o André falou que estava com sede, e eu com uma garrafa cheia d’água, bebendo com VONTADE; ela tentava dormir, eu ascendia as luzes. Foram quarenta minutos de guerra e o André continuava com sede. Coitado do André! Na guerra do dia-a-dia, quem estava vencendo era eu. O André permanecia com sede.

Até que a maluca resolveu chamar o André para sentar na cadeira entre nós. Jogou as malas no chão e lá veio o André. Eu nem me movi para ele passar. Espalhei-me na cadeira e lá fiquei confortavelmente. Até que o André e eu descobrimos que os cintos eram interligados. Conforme ele jogava o corpo em cima da mãe para ver a janela, o meu cinto ia junto. Comecei a puxar também. Ele percebeu e parou. Era pelo menos educado o André. 

Já estávamos quase pousando, quando a maluca começou a conversar comigo (Não. Por favor, não...). Até que percebi que misturado com um sotaque paulista, havia um cantarolar mineiro. Ao ouvir o sotaque, desarmei. Adoro Minas e os mineiros. Ou melhor, adoro Minas Gerais e o povo mineiro. Ficou meio esquisita a frase antes. Terra boa e povo “bão”. Eles eram do interior de Minas Gerais e moravam em São Paulo há seis anos. Conversa vai, conversa vem... Até que por fim, descobri que a família do André era um barato. E entre mortos e feridos, ganhamos todos.

Um abraço para o André,

Miss Janis

Nenhum comentário: