31 de mar. de 2011

DEPOIS DE DUAS SEMANAS DE MERDA, RETORNO. JUSTAMENTE NA SEMANA DA GULA

Com o fim do Projeto Etílico não andava muito animada. Estava sem álcool. As garrafas estavam vazias e espalhadas pelo chão. Já não tinha mais a mesma inspiração. Sem a bebida entendi porque Charles Bukowski precisava beber para escrever. Eu era como ele. Um “beberrão”, mas de saia. 

Lembro da minha primeira semana no Bukowski. Já apresentava sinais claros de alcoolismo, quando Mister Moto fez a profecia: “Você será a neta do Bukowski” - estaria ele certo? Havia chegado a um estágio de alcoolismo preocupante? Com isso, precisava me testar.

Depois de quase dois meses bebendo destilado como se fosse água, eu teria meu final de semana da abstinência. Na sexta até que foi tranqüilo. Acabei trabalhando na porta, o que fez com que as horas passassem rápido. Já no sábado, estava louca. Precisava do álcool, das garrafas espalhadas e das guimbas queimadas no chão. Senti falta de todo meu ritual e dos antigos hábitos.

Agüentei até 24h, quando virei a primeira dose de Jack Daniel’s. Uma não me bastou. Foram necessárias mais duas para eu sentir que tudo estava melhor. Com isso descobri duas coisas. Primeiro, eu realmente me tornei uma alcoólatra. Segundo, a vida seria bem pior sem o álcool.

Em Abril, estaremos fazendo o Mês dos Pecados no Bar Bukowski. A primeira festa (01/04) vai ser em homenagem a Gula. Vai ter concurso de comida e outras coisas mais. Imperdível.

Pronta para um transplante de fígado e muito ansiosa para ver o concurso amanhã,

Miss J.

17 de mar. de 2011

DEPOIS DE VIRAR DUAS DOSES DE UÍSQUE, O MUNDO PARECIA MELHOR

Estava sem “saco” para escrever. Numa semana dos infernos, não conseguia conectar o pensamento as palavras. Não estava criativa. Passou a semana inteira de mau humor. E quando achava que nada resolveria, foi desafiada com R$ 30,00. Sua missão: virar duas doses de Black Label, com direito a uma respiração. Não foi difícil. Com anos de prática, virar duas doses não era uma missão impossível. Na verdade, era um hábito. Dos bons.

Bebeu. Fez uma leve cara feia. Sentiu o amargo e o gosto amadeirado do uísque. Fechou os olhos. Abriu. Viu todo aquele mundo cinza desaparecer. Foram 100 ml de alegria engarrafada. De filosofia. De mudança de pontos de vista. Pensou pelo menos num instante que a vida podia ser sempre assim.

Acreditou na possibilidade de ter o uísque como remédio. Viu que não era possível. Mas teve pelo menos aquele momento. Uma pequena parcela de segundo que fez a vida valer à pena. E valia, mas não naquela semana. Mas tudo bem. Sabia que ia melhorar. Estava à espera do arco-íris. Ele chegaria, mas não na semana cinza.

Miss J.   

10 de mar. de 2011

NO MEIO DA FOLIA, TERMINAMOS JUNTOS, O ROCK, O UÍSQUE E EU.



 
O último final de semana era um dos mais esperados do ano. Manter o rock ‘n’ roll em plena loucura de blocos e carnaval não é das tarefas mais fáceis. Trabalhamos muito antes. Fizemos divulgação na rua, sempre acompanhados de uma garrafa de bebida. Na última quinta terminamos bêbados divulgando e divagando na Cobal. Sentamos-nos à mesa de clientes, bebemos a cerveja dos outros. Fizemos amigos. Aprontamos. Conhecemos uma garota grudenta que falava sem parar. O que nos fazia beber sem parar.

Já na sexta, acordo bem. Percebo que é sexta de carnaval e que abriríamos logo mais. Sinto minha barriga embrulhar de nervoso. Estava ansiosa. Seria o “debout” no carnaval, da atual equipe de marketing do Bukowski. Minha equipe. Pessoas que eu adoro. Chego ao Bukowski às 13h e fico até as 22h, sem parar. Tomo uma ducha gelada no banheiro dos funcionários e o frio na barriga permanece. Fracassaríamos, ou venceríamos?

À noite, já nada mais importava. Tudo já havia sido feito e era hora de relaxar. Nada melhor do que continuar nosso Projeto Etílico com uísque. Uma bebida destilada de grãos e envelhecida em barris. Com regulamentação rígida, possui denominações para cada tipo. O sabor é determinado 60% por causa do tipo de barril usado no envelhecimento.

Até a terceira dose de Black Label estava tudo bem. Estava tomando “suquinho” de uísque. Depois, não me lembro quantas doses foram. E sinceramente, prefiro não saber. Recebi a visita de uma grande amiga e ficamos as duas bêbadas conversando por horas. E a casa enchia... Todos os recordes carnavalescos já tinham sido superados. Já era o melhor carnaval do Bukowski. E eu, bêbada sem quase ver a noite passar.

Sábado acordei ótima. Estava disposta, faminta e pronta para mais uma. E mais tarde teria. Na lista de bebidas que faltavam, ainda tinha Jagermeister e Amarula. Tentei a primeira opção. O tal do "JägerBomb". Não gostei. Bebi uma dose e só. O 9º destilado mais consumido do mundo passa longe da minha lista dos dez. O que me fez lembrar: não confie na maioria.

Keep walking,
Miss Janis.


2 de mar. de 2011

LOUCURAS DE UMA NOITE DE VERÃO



Depois de desafiada pensou
Era hora de provar que sua mente não era como a Riviera Francesa
Ousou
Depois de uma noite acompanhada da fada verde chamada Hapsburg
Tinha o cérebro e a imaginação lentos
Mas acreditou que nada seria melhor do que escrever
Entre guimbas e restos de copos esverdeados encontrou um sentido na vida
Estar viva
E o resto era apenas o resto
Mas ela já não seria mais a mesma
Agora era alguém que se importava
Sentia-se plena
Cercada de grandes amigos entendeu que nada mais a preocupava
Era apenas ela e o mundo
Um mundo cheio de cores, sons e sabores ainda desconhecidos
Ela estava viva
Ou nem tanto
Mas talvez ela tenha se sentido viva
Pelo menos naquela noite de verão

1 de mar. de 2011

DEPOIS DE OITO SHOTS A QUEDA ERA INEVITÁVEL. HAVIA SIDO FERIDA EM COMBATE NO BAR BUKOWSKI


Já era 16h de sábado. Acordo correndo para o banheiro. Meu estômago revira e a ânsia de vômito é física. A noite de ontem quer sair de mim. Minha boca está amarga, o coração está acelerado e a barriga produz sons e efeitos dignos de uma produção barata de Hollywood.

Que merda o dia seguinte. Entrei no chuveiro ainda vestida e enfiei a cabeça embaixo da água gelada. Lá estava o desgraçado, escorrendo pelo ralo. Senti-me num poema de Augusto dos Anjos. Sai do banheiro duas horas depois. Estava destruída, com dores na barriga e incapaz de beber até água. Precisei de três comprimidos de “Plasil” para só depois comer algumas peras.

Como isso aconteceu? Antes de acordar, dormi um pouco. Antes de dormir, bebi muito. Quinze garrafas de cerveja com Mister Jimmy H e Miss Detucinha, que apareceu com o namorado. Antes disso, estava no Bar Bukowski trabalhando no nosso Projeto Etílico. A bebida da noite de sexta era tequila. Comecei virando duas seguidas. Percebi que aquilo não daria certo, mas quem disse que o certo parecia certo?        

Mister Money, preocupado comigo, permitiu que entre as tequilas eu tomasse umas cervejas. Depois da quarta dose, já não me lembro de nada. Conversei com pessoas que não reconheço, fui filmada num estado “escroto” – ou embaraçoso se preferir - abracei pessoas que não existiam. A experiência foi bastante intensa. Há muito tempo não ficava desse jeito. E acabava ali, minha resistência ao álcool.

Fiquei bêbada e com amnésia alcoólica. Acho que tequila nunca mais. Foi a única bebida do projeto até agora, que me derrubou no dia seguinte ao ponto de não conseguir beber novamente. Porém, posso dizer que aprendi coisas importantes com a tequila. Primeiro, tenha amigos valiosos por perto, você vai precisar. Segundo e mais importante, vá devagar. Tequila é “foda” mesmo e ponto final.  

Derrotada, mas de pé,
Miss Janis.