Aquecida,
Miss J
Após 4 anos, vivendo e vivenciando o Bar Bukowski, agora chegou a hora de relatar. Nesse espaço, mostraremos tudo por trás do pano. A verdade na produção e a narração do dia a dia. Sejam bem vindos! * Esse blog não passa de uma obra de ficção, ou não.
Amigos e amigas,
Começo o dia hoje despencando da escada. Resultado: uma luxação no tornozelo esquerdo. Meu pai, que é ortopedista diria: gelo e analgésico, mas, hipocondríaca assumida que sou, saí correndo para o médico, que disse: gelo e analgésico. Estava certo quem disse que “santo de casa não faz milagre”. Tenho andado com uma “zica” das bravas. Banho de pipoca nela.
Estava achando que hoje seria daqueles dias, mas estava enganada. Grande Oráculo, assim que chegou, perguntou se havíamos almoçado. Era claro que não. Vampiros que somos, não conseguimos comer até as 14h. Com o almoço, Mister Braço e Mister Fax aproveitaram para fazer a grande faxina no escritório. Além de se desfazer das inúmeras garrafas espalhadas, os livros e DVDs empoeirados, ainda teria que se desfazer das nossas “tralhas emocionais”.
Eles ficaram aqui na faxina, e nós fomos a caminho da Urca. Almoço a beira-mar. Incrível a beleza da simbiose entre homem e natureza. Fomos alimentados pela beleza da natureza, pelo barulho do mar (a água só podia estar limpa, governo) e pelo camarão que estava “maaaravilhoso” (pausa para a água na boca). Ficamos leve. Bar Bukowski recomenda: sente-se à mesa com pessoas que você ama e desfrute da natureza e das companhias. Isso vale mais que um milhão. De fato, amo estar com meus amigos.
Voltamos satisfeitos e para um lugar que dá vontade de estar dentro. Tudo arrumado. Cheiroso. Sem garrafas, sem guimbas espalhadas no chão...Nada que nos envergonhe de receber visitas. Escritório aberto para visitação. Não dê bebida aos animais.
Animada e inspirada,
Miss J.
Uma das grandes características do Grande Oráculo é a sua capacidade de assumir um compromisso e depois sumir. Um desses compromissos é com a Miss Terapeuta todas as terças, às 16h. É o dia de o patrão colocar o “papo” em dia com a psicóloga. Porém, há quatro terças seguidas, ele chega no escritório e pede para desmarcar a consulta. Como já disse num texto anterior, eu sou secretária dele, além das outras tantas tarefas que tenho aqui. Ou seja, quem liga sou eu.
Hoje ele até ia. Já tínhamos confirmado com a terapeuta. Quando estava chegando a hora, liguei para o Mister Lerdinho vir buscá-lo. Mister Lerdinho, que além de lerdo é um péssimo motorista, havia batido de carro. Já íamos zoar, pois foram três batidas em cinco meses, mas não foi o coitado. Uma mulher de Mercedes bateu nele e saiu correndo. Estava com medo de pagar a batida. Ele foi atrás. Anotou a placa. Teve que esperar a polícia.
Com a aventura de Mister Lerdinho, Grande Oráculo usou a história e fingiu para a Miss Terapeuta que estava no acidente. Tive que ligar de novo e desmarcar a consulta. Mais um dos mimos do Grande Oráculo. Ai...como esse “cara” é mimado.
Surpreendida,
Miss J
Os nervos continuavam os mesmos. Estressada com a mudança e com todo o resto. Não havia muita vontade de rir. A raiva era maior do que tudo, e o desespero se tornou ainda pior, quando soube que haviam sumido três envelopes com salário do escritório. Com isso, vamos voltar às informações. Eu estou me mudando para onde era o escritório do Bukowski. Até ontem, era o escritório e minha casa. Fiquei desesperada. Com certeza ia sobrar para a dona da casa.
Cheguei no escritório extremamente raivosa. Com vontade de esganar alguém se possível. Grande Oráculo que não vinha há dias, estava almoçando com Mister Pausinha. Miss D, Miss Artista, Mister Esquisito, técnico que apagou as minhas coisas, e eu estávamos aqui trabalhando. Quando avistei o vidro de sangue falso da festa do Hitchcock,a idéia maligna foi se criando na minha mente. Vamos criar um suicídio. Eu já andava meio esquisita durante a semana. Pegamos uma faca e enchemos de sangue. Enchemos o pulso como se houvesse um corte e Miss Artista pintou minha cabeça com sangue. Estava morta. Esperei quase uma hora no chão frio.
Quando eles chegaram, todos se trancaram na salinha ao lado e eu fiquei atirada no chão. Eles gritavam e batiam na porta. Grande Oráculo ficou desesperado até que não agüentei e caí na gargalhada. Mistério desvendado e gargalhadas garantidas. No final, depois do chão gelado, ganhei um “febrão”. Santa inteligência a minha.
Adoecida,
Miss J.
Não deu para escrever nos dias anteriores. Estamos sofrendo uma guerra com as máquinas, que atrapalharam e muito o nosso trabalho. Segunda não estive aqui. Fui pega por uma tristeza grande, então, era hora de reequilibrar.
Ontem, um “gênio” da informática apagou meus documentos de uma vida toda no Bukowski. Fotos, textos, imagens, frases que usamos no Facebook. Um acervo enorme de coisas, músicas e lembranças. Fiquei chateada. Partida e estarrecida por não ter “backup”. A esperança é o técnico que vem amanhã.
As coisas estão meio desanimadas aqui. Grande Oráculo não aparece há alguns dias; Mister Pausinha tem trabalhado em casa; Miss D trouxe, hoje, o filho. Brinquei de carrinho na laje; e eu, estou de mudança. Longe da faculdade, dos meus amigos, de tudo.
Estou vivendo uma grande loucura para mudar de casa. Hoje, quase tive mais um ataque de ansiedade extrema. Muito Rivotril na cabeça mesmo. Minha sogra, sogro e cunhado vão passar uns dias com Mister Jimmy H e eu. Minha primeira noite no meu primeiro “apê” vai ser com a minha sogra ao lado e com a tonelada de tralha que veio junto com ela, inclusive os santinhos. Grande sorte a minha!
Não sei se amanhã chego viva. Talvez eu me mate ou, então, mato ela.
Em desespero,
Miss J.
Não costumo escrever nem sexta, sábado ou domingo. Sexta, porque começam as preparações da noite. Temos que fazer listas de aniversário, decorar a casa, caso seja necessário ao tema. Eu só chego às 17h por conta da faculdade e por causa da longa jornada que só terá fim às 4 ou 5h. Sábado, porque não abrimos o escritório à tarde e normalmente eu estou de ressaca (valeu patrão por nos deixar beber. Como seriam essas jornadas sóbria?). E domingo, porque todo trabalhador merece folga.
Porém, hoje, tomada por uma energia enlouquecida, resolvi escrever. Ontem, acabamos ficando bêbados no escritório. Baronesa apareceu. Miss D, Grande Oráculo e eu, estávamos animados. A rua um caos devido ao debate para governador. Então, era melhor esperar e beber. Como sempre muito bom. Tentamos chamar mais gente. Ontem estávamos animados. Largamos inclusive os jogos, para apenas conversar. Até eu falei. Confesso que não sou muito de falar. Tenho normalmente expressado meus sentimentos, através de palavras soltas por aqui ou ali. Comunicar-se nem sempre é fácil. Enfim, energia!!!
Hoje, tem sexta-feira 13 com Hitchcock no Bar Bukowski. As produções já estão rolando desde ontem. Serão espalhadas pistas pela casa. Os 3 primeiros que descobrirem todas as pistas e avisar no bar de trás com a Renata, ganham um prêmio. Não é porque eu trabalho aqui, mas sinto que hoje vai ser daqueles dias de matar a saudade e de casa cheia. Por isso, cheguem cedo. Para não ter problema na fila. Para fumar um narguilé, jogar uma sinuca. Ouvir um vinil. E sempre. Sempre que vier aqui, lembre-se: somos um tributo ao “rock and roll”, a melhor música criada pela humanidade. Até mais gente, ou não. Estou pensando em passar a tarde na piscina do Grande Oráculo.
Saudações,
Miss J.
* P.S.: Por mais que esteja na merda, pense: tem gente que está mais na merda ainda. Animação gente. Hoje é sexta - feira 13. Recomendamos ouvir “The Doors” para começar.
Amigos,
Ontem nada foi escrito. Sempre culpo meu humor, a falta do que escrever, mas, dessa vez, minha reclamação é outra. Ontem fui ludibriada pela NET. A empresa que viria pela manhã para instalar a super internet, apareceu às 17h. Justamente no meu momento de escrever. Por isso, fomos embora cedo e nada de texto para o blog. Foi mal.
De novidade: Grande Oráculo decretou que se a piscina dele não ficasse boa até sexta, eu seria demitida. Nem dormi direito. Entre a insônia que me perseguiu a noite inteira, pesadelos com bombas e piscinas. Surtei. Caí da cama às 6h, pois tinha que resolver essa M...e não é que eu resolvi. Despenquei para a Cidade Nova, atrás das Bombas Catete (jurava que a loja era no Catete. Informação que só tive hoje, às 7h30. Maravilha!). Para esperar, matei o tempo andando pela feira que acontecia na rua em frente a loja. Terminei com um saco de mexerica, que fez a alegria da mulherada do escritório. E uma bomba novinha em folha. Amanhã, eu mesma, vou afundar o Grande Oráculo na piscina.
Ai, ai, coitado do meu sono.
Abs,
Miss J.
Integrantes da “gangue” do Bukowski,
Ele é o herói do nosso escritório. Militante dos fracos e oprimidos. Grande defensor, incorruptível e bravo. Composto por um forte corpo, destrutível apenas pelo uísque. Ele é... Miiister Pausinha!!! (E a galera vai ao delírio. Mulheres desmaiam nas arquibancadas. Podemos ver o tumulto. Tudo para ver o grande herói). Eee Pausinha, Pausinha,...
Mister Fax, que trabalha na equipe que cuida da casa, se acidentou numa queda de dois metros. Ele diz que caiu. Nós sabemos que ele estava bêbado. Pinguço o rapaz! Ele até foi no hospital na segunda, mas vocês sabem como é hospital público. Ele me chega aqui hoje, com metade da cara em carne viva, e sem conseguir pronunciar uma palavra se quer. O cara estava mal. A coisa foi feia dessa vez. Mister Pausinha que é um “grande cara”, de todos os sentidos, resolveu levar Mister Fax para o hospital. Talvez um pouco mais de instrução ajudasse no hospital. Afinal, “eles” sempre desrespeitam os pobres. Vamos aos exemplos: “Dura” de gente pobre na favela: Tapa na cara; dura de “playboy” na zona sul: 1000 reais; cadeia para ladrão de galinha: 100 anos de prisão; cadeia para rico: viagem para as ilhas gregas.
Ao chegar lá, Mister Pausinha tentou ajudar. Teve que esperar. Esperou mais um pouco. O paciente foi atendido. Queria estar perto, mas teve que esperar. Esperou mais um pouco. Não se agüentou e entrou. Foi abordado por um policial. Tentou lembrar dos seus direitos. Foi ignorado. Algemado e “encoxado”, perguntou por que estava sendo preso. Não obteve resposta. Estava “fodido” (com o direito e perdão da palavra).
Ligou para cá e...nós? O sacaneamos e perguntamos se ele queria um cigarro. Após a sacanagem, fomos resolver a situação. Grande Oráculo, Mister Money e Mister Braço foram para lá. No final, tudo resolvido. Vai ter que prestar serviço comunitário por desobediência a polícia.
Terminamos rindo e felizes. Esse menino é o nosso herói.
Abs,
Miss J.
P.S: Na busca pelos direitos de um cidadão, vale a desobediência. Ganhou mais um ponto, Mister Pausinha.
Sobreviventes Bukowskianos,
A semana começa é como sempre não há muito o que dizer. Casa cheia final de semana. Alguns erros concertados, outros que ainda estão sendo resolvidos, mas tudo em paz. Foi tudo ótimo.
Após um final de semana inteiro no Recreio, descubro que a zona sul e zona oeste, fazem parte de dois mundos diferentes. Quando cheguei aqui na zona sul há 2 anos atrás, me sentia diferente. Quando cheguei lá, me senti diferente. Ao chegar nas proximidades de Botafogo, senti: aqui é o meu lar.
Por isso, eu estou de mudança. Após 1 ano na Zona Sul, vivendo na casa de um e de outro. Passando inúmeros perrengues e decepções. Não estava mais feliz. Com isso, apartamento novo. Casa nova. Cama e geladeira comprada. Tudo novo. Na verdade, minha primeira cama, minha primeira geladeira, meu primeiro apartamento. Sensação de que: liberdade. Virei adulta. Bar Bukowski: dando a oportunidade, de uma velha hippie da Lapa, a ter seu próprio “apê”. Não há palavras para expressar.
De resto, estamos planejando uma viagem a Las Vegas. Mais detalhes durante o passar dos dias. Pois afinal, conhecendo meus amigos e a mim, como conheço, isso pode terminar em nada.
Abs,
Miss J.
Seres humanos do Bar Bukowski,
Ontem, logo no horário de saída, recebemos um e-mail nos acusando de homofóbicos. O acusador em questão foi um DJ que fez umas festas no Bar, mas que não deu certo. Seu som não combinava com a casa. Aqui, todo tipo de gente, raça, cor ou opção sexual são extremamente bem-vindos e respeitados. Isso é comprovado todas as noites, pela forma que tratamos nossos clientes, independente de qualquer coisa. As soluções cabíveis já foram tomadas. Isso agora é uma discussão entre advogados.
Colocando areia no assunto e mudando completamente de assunto. Hoje a coisa é “chique”. Baronesa está a caminho. Saudades da nossa amiga. Depois que a GLOBO levou nossa menina, é difícil estar com ela (P.S.: mesmo amando a Baronesa, aconselhamos que desligue a televisão e leia um livro). Estamos em busca de um velho esconderijo. Pensamos na Urca, mas e o tempo? Lembramos da Lagoa, mas o banheiro é uma merda. Barzinho, não pode fumar. Rio de Janeiro, o que é que aconteceu? No final, aposto que terminaremos no escritório. Amontoados numa pilha de guimbas e perdidos em restos de vinho. Vivos ou mortos amanhã? Sei lá! Resistindo. Desde 1997.
Abs e paz,
Miss J.
Sem muita imaginação. Na verdade quase nenhuma. Após dormir às 2h e a acordar às 6h para aula de técnica de cozinha, minha alma estava um caos. Partilhada em cacos quase que minusculamente destruídos.
Ontem a noite recebemos a visita ilustre de Nica, já citada em um post anterior. Ex-funcionária da casa e nossa amiga. Ela não estava muito e lembrou de nós que estávamos fazendo hora extra com uma partida de xadrez. Mister Pausa, Grande Oráculo, Miss D e Eu. Mister Pausa que diz que já "esteve lá" (gíria bukowskiana, que significa que "rolou" alguma coisa com alguém), fugiu para não encontrar a antiga paquera. G.O. ficou um pouquinho, pois queria ir para casa. Então, ficamos só as meninas, acompanhadas do bom e velho Black Label. Ficamos bêbadas. E como toda mulher que se encontra com as amigas, acabamos na velha terapia. Se alguém sentiu a orelha arder ontem, fomos nós.
Ao chegar em casa Mister Jimmy H., que é meu marido, estava irritado. Após explicações, cama. Estava cansada. Na verdade, bêbada. Hoje, nenhuma ressaca. Apenas cansaço. Bar Bukowski aconselha: nunca se esqueça dos velhos amigos. Tenha-os sempre por perto.
Festa do final de semana decidida. Na verdade, já estava decidida desde a semana passada. Fizemos uma "pegadinha" colocando a data errada. Ao invés de Agosto, colocamos Julho. Apenas uma pessoa reparou. Inclusive gente que trabalha aqui não viu, principalmente na hora da revisão (risos). Tudo bem. Todos cometem erros.
Nos vemos amanhã.
Abs,
Miss J.
Sensacionais as notícias de hoje. Mister W, que agora foi apelidado de Mister Pausa, nos deixou mais inteligentes ao dizer que o corpo do Pelé tem 98% de simetria. Verdades e mentiras à parte, pois afinal Mister Pausa também adora uma mentira, assim como Mister Lie, Grande Oráculo, Miss D, Mister M, Baronesa, Mister Lerdinho, Miss Desastre,..., muitos mentirosos por aqui. Enfim, foi zoado. Merecia ser gastado pelo grupo. Esse garoto está ficando cada vez mais esquisito.
Começamos uma lista dos melhores autores da humanidade. Terminamos com Fernando Pessoa, Nelson Rodrigues, Sêneca, Mark Twain e Jack London (claro que foi Grande Oráculo que finalizou a lista, afinal Mister Pausa escolheu Sérgio Porto na dele). Nós, meninas, ficamos de fora. Autores “femininos demais”: Machado de Assis, Garcia Marquez, Clarisse Lispector e Carlos Drummond. Minha mãe que dizia: “Gosto é que nem bunda. Cada um tem a sua”.
Apesar de acreditar na obviedade da não necessidade de citar mais alguns malditos aqui, irei relembrá-los. Além de Charles Bukowski, patrono do bar, vale a pena conferir Ginsberg, Kerouac, Burroughs, Aldous Huxley, Villon, Baudelaire, entre muito outros. Bons transformadores de lixo em poesia.
Abs,
Miss J.