21 de dez. de 2011

EMBARCAMOS NO TREM DA MUDANÇA



Há pouco, perdemos nossa secretária hiperativa. Ela se apaixonou por um skatista tatuador e se mudou para São Paulo. Sentimos, afinal, quem clicaria nos quase dez mil nomes dos eventos do Facebook sem reclamar? Quem chegaria aqui sem remédio da hiperatividade tomando Coca-Cola? Quem? Quem? Quem? Sempre é difícil quando alguém sai. Esse ano, tivemos perdas significativas. Todo mundo indo em busca dos seus sonhos. Alguns vimos algumas vezes, outros vemos sempre e poucos não vimos nunca mais. Esperamos que estejam todos bem.

Tomados então, por tantos acontecimentos, era hora de encontrar alguém. Uma pessoa criativa, engraçada, que soubesse escrever e que gostasse de rock. De preferência que fosse mulher, afinal, estava chato ser a única mulher no meio de tantos homens. Recebemos alguns currículos. Lemos alguns textos. Fizemos duas entrevistas. Percebemos que é importante encontrar alguém que tenha mais coração do que técnica e com isso, encontramos esse alguém. Com vocês: Totonha.

Seu ritual de iniciação começou com um bom ritual bukowskiano. Álcool. Muito álcool e algumas coisas a mais. Não se preocupem. Não estou falando de drogas. Não precisam tirar as crianças da sala. As vovós não precisam começar a achar que eu sou uma má companhia. Eu vou explicar. O ritual teve algumas etapas. Sexta passada, pegamos as fantasia da festa que ia ter no bar em Copacabana. O dia estava lindo... Esticamos até ao Leme. Ficamos lá. Bebemos. Uns, chopp. Outros, vinho. Estava ótimo. A tarde no Leme estava rosa. Tudo perfeito. No meio do caminho alguém que não era uma pessoa do bem, deu a idéia de irmos até a Lapa antes de a casa abrir. Lá, conhecemos uns hippies malucos. Tomamos uma cachaça deles com um gosto muito ruim e terminamos bêbados e doidos, fantasiados no Bukowski para trabalhar. Foi indescritível.

A segunda parte do ritual aconteceu há dois dias. Todo mundo tendo final de ano nas suas empresas. Pensamos: “Muito bem. Temos que ter a nossa também”. Entre viradas de uísque, vodca e tequila, noventa e cinco chopps para seis pessoas. Ficamos bem doidos. Bem mesmo. No dia seguinte a derrota foi certa e a novata que já não é mais uma novata, apenas mais uma de nós, teve sua iniciação e que o velho Bukowski diga amém.

Em  clima de Natal,
Miss J. 

* Não se esqueçam que estaremos todos aqui dia 24/12 a partir de 23h59.

1 de dez. de 2011

EM NOME DA COMPREENSÃO



É. Eu sei. Entre tantas palavras optei pelo silêncio. Estava fugindo de mim mesma. Não estava encontrando o que dizer. Estava vivendo dias de chuva, para poder viver agora dias de sol. Superando os drama para enxergar a beleza da vida. Vivendo emoções e acasos inimagináveis. Momentos em que agradeci imensamente por estar viva. Nada supera a beleza da vida!

Vai chegando o final do ano e vamos sendo tomados por esse sentimento esquisito. Por essa vontade de algo mais... De muito mais. Não queria estar em outro lugar a não ser aqui, então, para o próximo ano, prometo muitas histórias, mas dessa vez é sério. Estou parando de quebrar promessas ou quem sabe, apenas fazendo mais uma. Quem vai saber?!? Quem voltar para conferir. Fiquei feliz ao entrar hoje, depois de muito tempo e ver que o blog continua aumentando. Fiquei malditamente entusiasmada (hehehehe). Que venham boas histórias! Embriagada dessa vez não de álcool, mas de alegria. De fato, não queria estar em outro lugar a não ser aqui.

Com amor,
Miss J.

1 de set. de 2011

PASSADA A CEGUEIRA DO VELHO ERA HORA DE CONTINUAR

Tudo começou assim: tinha o documentário de plantas e o do The Doors para assistir. Confiando na amizade, optou pelo de plantas. Assistiu. Detestou. Só não contava que aquelas seriam as últimas cenas que veria em dias. Ao acordar olhou ao seu redor. Não reconheceu a velha poltrona. Não conseguia ler o livro de Pessoa que repousava em sua cabeceira. Não viu nada. O velho estava cego, graças à pressão alta nos olhos. E eu? Virei babá. Teria que cuidar dele.  Amigos servem para essas coisas. Enquanto isso, Miss Ressaquinha e Miss Artista pediam demissão.  Com a saída delas ficamos desfalcados e carentes, sofrendo um tipo de síndrome pós-abandono. Isso é normal. Toda vez que alguém sai, nos sentimos culpados e viúvos. 

Na quarta, parti para a casa do Velho. Cheguei lá e entendi o porquê da sua belíssima saúde. Abri a geladeira e só tinha água, bebida e queijo. Frutas e legumes ele não comia há meses. Primeira ação: ir ao mercado. Ele ia andando sem enxergar ao meu lado e eu ia perguntando: gosta de melão? Não. Maça? Não. Chuchu? Não. Aipim? Não. Só consegui comprar batata, banana, brócolis, laranja e limão. Isso com muita insistência. Depois do mercado, tínhamos a formatura do Mister Money e o Velho queria muito ir, pois tinha ajudado a fazer o discurso da formatura. Fomos e eu tive o meu dia de narrador.

Na sexta, fomos trabalhar no Bukowski juntos. Ele disse: você será os meus olhos. Você me diz o que vê e eu dito a cena para você. Na sexta, trabalhamos afinados. Sábado, estava dormindo pela manhã quando acordo com ele aos berros. Ele estava curado. A pressão dos olhos havia baixado e ele já estava enxergando normalmente. Abriu a janela da sala e lia cada placa na rua, cada ônibus que passava. Como recompensa me levou para comer na Lagoa. Comida saudável, já que não estou podendo beber e nem nada. Lembram: a porra da vida? Eu comendo brócolis, agrião e grelhado e ele bebendo chopp. Filho da puta (hehehe)! Te amo, Velho!  

No fim foi uma experiência ótima. Entre brigas, já que não podia deixá-lo beber, histórias que faziam a barriga doer. Ele é um cara sensacional. Eram histórias de mulheres normais; mulheres bizarras; mulheres histéricas; de porres que ele chegava em casa sem saber como; das vezes que ele foi preso e acordava na delegacia sem saber porquê; da vez que acordou nú na praia apenas com uma garrafa de vinho e alguns cigarros molhados (ele contou essa história rindo e dizendo: a merda é que os cigarros estavam molhados!); na viagem a Espanha onde ele se apaixonou perdidamente por uma mulher; da mulher esquizofrênica que ele teve e que de acordo com ele, a que provavelmente mais amou. Enfim. Um homem com muitas histórias.

Foi muito bom mesmo, Velho. Sua cegueira foi também a minha cegueira. Com muito prazer, mas sem sexo (hehehehe). Isso só ele vai entender. Desculpem. Ah... Já ia me esquecendo. Já estamos curados da síndrome e com mais dois personagens: Miss Hiper e Mister Bicho. Miss Hiper, entrou na semana passada. Meio doida, mas inteligente e bem sensível por mais que não pareça no primeiro momento. Na verdade, pensei em mandar ela embora umas cinco vezes em uma semana, mas agora estou encantada por ela. Mister Bicho entrou essa semana. É o grande novato do grupo. Sem muito que dizer por enquanto, mas parece gente boa. Eu ando bem. Estou conseguindo andar na linha, mas não é fácil. Nada é fácil, mas ninguém disse que seria fácil.

Beijos e até breve. Porque estou cheia de coisas para contar,

Miss J.   


4 de ago. de 2011

ERA A PORRA DA VIDA!


Quando se nasce um doido, um insano, alguém que gosta de desafiar a vida, nasce também a polêmica e todos os males por se escolher essa vida. Nunca achou que seria normal. Ainda criança dizia que queria casar três vezes e só na terceira ter filhos. Enquanto as amigas gostavam de Barbie, ela gostava de bola e da máquina de escrever. A primeira a perder a virgindade. A primeira a fumar maconha e a ficar bêbada. A amiga que nenhuma mãe queria por perto. A mãe sofreu um bocado. Amenizado o desespero de viver da adolescência, ainda demonstrava sinais “bukowskianos”. Era um maldito. Assim como Charles Bukowski, Tompson e Jack London.

Resolveu procurar um médico para um simples “check-up” e como a vida não tem nada de justa, descobriu que estava doente. Com diabetes e hipertensão, não poderia mais beber, nem utilizar qualquer outra substância que a animava. Lembrou da frase de Woody Allen, “você pode viver até os cem anos se abandonar todas as coisas que fazem com que você queira viver até os cem anos” e viu sentido naquilo. Viver por cem anos ou viver feliz? Não achou resposta. Ainda tenta encontrá-la no meio de um monte de questões. Culpou a Deus, mesmo sem acreditar.

Por fim, aceitou o desafio de se recriar. Não sabia como, mas tinha um grupo de amigos fantásticos que estavam ali para ajudar. Agradeceu e percebeu que seria mais fácil recomeçar já que não estava só. Pensou em fugir para a Índia para um retiro, mas tinha que continuar exatamente onde estava. Não reconhecia a força que tinha. Isso ela só vai aprender, enquanto se recria. Agora ela só grita: mas que porra de vida!

Enfim, mas não o fim (eu não desisto jamais),
Miss J.

28 de jul. de 2011

HÁ QUE SE SABER ACABAR, MAS COMO?


Eu sei que teve gente que leu o título e pensou: “Graças a Deus, não terei mais que agüentar essa garota!”, mas não farei isso com aqueles que ficaram tristes (Obrigada. Eu quero mandar um beijo pra minha mãe, pro meu pai e pra você!). Porém, ainda sim, posso dizer que não se trata de um assunto dos mais agradáveis. Quando o Mister Pausinha saiu do Bar ele escreveu: “Há que se saber acabar.” Ele só não escreveu, como se esqueceu de falar, como?

Miss Ressaquinha resolveu sair do Bukowski para estudar. Está indo viver em Buenos Aires com seu namorado para estudar literatura. Cansou-se da faculdade de letras e resolveu ver as coisas como elas são. Eu fico super feliz que ela esteja feliz, mas estamos todos tristes. São seus últimos dois dias e nós já estamos sentindo saudades. Grande Oráculo nem apareceu essa semana. Acho que ele está se sentindo abandonado. Sempre nos sentimos esquisitos quando alguém se vai, mas a vida é assim. O mundo é muito grande quando se tem dezenove anos e minha “pequeninha” tem mais é que ganhar esse mundo.

Semana passada eu fiz quatro anos de Bukowski. Já vi muitos deles saírem, mas dessa menina que tem dividido comigo grande parte das histórias impressas, divulgadas e criadas por aqui, é a que vou sentir mais falta. Foi muito bom dividir com você algo tão importante para mim. Você sempre será uma neta do Bukowski. Todos nós sentiremos saudades. Estamos torcendo para que você encontre o seu caminho, afinal, sabemos que você está buscando por ele. O melhor de tudo é que na hora certa ele aparece e você não vai nem perceber. Divirta-se, participe e se exponha sempre. Parece clichê, mas a vida foi feita para ser vivida.

Essa semana tem o “Dia Mundial do Orgasmo”. Quero ver todo mundo aqui!

Com pesar,
Miss Janis.

21 de jul. de 2011

COMO É QUE SE TERMINA OU COMEÇA NUM BAR?




Quando eu era pequena, filha de médicos, eu também queria ser médica. Depois com nojo de coisas estranhas e as péssimas notas de biologia e química, desisti. Nesse instante, aos nove já arriscava os primeiros contos na máquina de escrever. Já ia muito bem com as palavras e já tinha me apaixonado pelos livros. Naquelas páginas, o mundo a minha volta parecia pequeno. Com isso, sangue, veia, etc, já não tinham mais graça.   

Na hora do vestibular o caminho foi certo: jornalismo. Estudei. Formei-me com louvores (expressão usada pela banca da minha monografia) e fiquei desempregada. Nesse momento já me aventurava numa vida bem bukowskiana. Andava de bar em bar, viajava sozinha sem dinheiro no bolso, fugia das pessoas e tinha na imaginação a fuga de mim mesma.

Até que eu conheci o Grande Oráculo e vim trabalhar no Bar. Na época, tinha acabado de passar num trainee da Light, mas trabalhar em um bar era quase um sonho de criança. Fazer parte da noite do Rio de Janeiro, ainda mais de um bar onde eu gosto da música, gosto das pessoas e ainda bebo dose dupla de destilados por conta da casa. Oh... Mas que maravilha.  Ainda bem, pois hoje estaria respondendo sobre bueiros, em vez de estar falando sobre bebida, música e literatura. Hoje, eu escrevo e não preciso ser jornalista; participo das reuniões de pauta mais malucas da história; tomo porre com meus amigos de trabalho às 15h da tarde em pleno expediente, etc.

É óbvio que existe o lado ruim. Há quatro anos não saio; eu devo ter envelhecido uns dez anos (rsrsrs); trabalhar com bêbado nem sempre é a melhor coisa do mundo; e apesar da maioria ser de pessoas geniais, também esbarramos com os “malas”. Mas saber que de certa forma, eu faço parte de uma casa que vem resistido desde 1997, fazendo um trabalho diferente e fugindo de toda essa mesmice que achamos por aí, não tem preço (roubando o slogan alheio). Sem dúvida, eu trabalho num lugar muito especial e por isso que eu digo: isso nunca foi um fim, mas um começo e que Charles Bukowski diga amém.

Abraços,
Miss J.

P.S.: Valeu, velho Charles, por provar que até os caras mais loucos e considerados "casos perdidos" como nós, podem continuar a resistir.

17 de jun. de 2011

NA BRIGA COM O PASSADO FUI ARMADA DE CHOCOLATE

Sabe quando o passado bate a sua porta sem ser convidado e vem trazendo sentimentos que foram não apenas enterrados, mas soterrados no passado? Quando vim para a Zona Sul há quatro anos deixei muita coisa para trás. Deixei amigos, família e uma pessoa em especial.  Assim que cheguei aqui, tudo que havia antes me pareceu sem sentido.  Esqueci. Deixei o tempo passar sem lembrar por um instante nesse passado. Achei que esquecer tornaria cada segundo de vida miserável, indolor.

Eu estava enganada. Não contava que num determinado momento fosse esbarrar nesse passado e que vários sentimentos enforcados e estraçalhados ressurgissem assim. Do nada. Tornando um velho homem do mar (nesse caso velha), um poço de dúvidas. Não que eu queira voltar o tempo. Não há nada a ser revisto. Queria apenas saber o que teria sido. Quais e quantos momentos inesquecíveis eu teria perdido? Estou sendo punida pela minha imaginação.

Meus amigos perceberam. Grande Oráculo, Miss Ressaquinha, Miss Artista, Mister Mago, Mister Money e Mister Braço, ontem foram os melhores amigos do mundo e fizeram uma festa para nós chamada: “Tomar no cú a porra do se!”  - Foi ótimo. Além da cascata de chocolate que foi devorada com a boca, muitas e muitas garrafas de “Gentleman Jack”. Até de manhã, o velho vinil da Janis estourava os nossos tímpanos. Em nenhum lugar do mundo, alguém teve uma manhã tão linda quanto a nossa.

Foi quando percebi que todas as respostas não estavam no passado, mas no presente. Chegamos até aqui. Certo? Então, somos todos. Você, eu, todos, sobreviventes e exploradores da vida. Sinto muito que tenha sido assim. Só hoje entendo. Talvez um pouco tarde demais. Enfim... Era pra ser assim. Talvez o presente seja passado, o passado seja o futuro e o que se achava que era futuro virou passado. Sei lá! A merda do pensamento de uma ariana, alcoólatra e devoradora de histórias. Um “maluco beleza”, trabalhando e vivendo no melhor lugar do mundo. Bar Bukowski: abrigando malucos, duros e sonhadores desde 1997.

De ressaca (graças aos meus grandes amigos),
Miss Janis.  

9 de jun. de 2011

ERAM APENAS TRÊS DIAS, MAS A SORTE CHEGOU



Como vocês sabem fui para Foz do Iguaçu, Argentina e Paraguai para jogar. Fomos Mister Braço, Grande Oráculo, Baronesa e eu. Fomos na quinta e voltaríamos no domingo. Viagem rápida. Nada que mudasse o rumo natural das coisas. Até que numa última aposta eu ganhei uma bolada e achei por bem ficar e conhecer melhor os lugares. A melhor coisa que fiz nos últimos tempos.

Não posso contar tudo. Porque como vocês bem sabem, temos mãe, namoradas e namorados, pessoas que também lêem esse blog e que não gostariam de saber a verdade (rsrs). É mentira. Comportamo-nos como anjos.  Mamãe até teria orgulho (hehehe).

Chegamos às 2h e seguimos direto para o cassino. Depois passamos numa boate para tomar umas “saideiras” com moças de família. Pessoas ótimas que nos receberam muito bem. No segundo dia, fomos para o Cassino e para nossa loucura e diversão, ganhei uma bolada. Eu estou falando de uma bolada mesmo. Dinheiro que nunca tive nas mãos. Dinheiro. Muito dinheiro. No terceiro dia ao ver as cataratas sabia que ainda não era hora de voltar. Com vinte dias de férias para tirar decidi: era hora de invadir aquelas terras. Por isso, depois de me despedir do grupo, parti sozinho, rumo às terras argentinas e paraguaias.

Conclusões: a Argentina é linda. O interior então, extremamente acolhedor. E sinceramente, hoje sou uma apoiadora declarada dos Cassinos. Gostei, “hermanos”. Já o Paraguai, para comprar muamba é ótimo. Inclusive uns isqueiros gigantes que explodem ao serem tacados no chão (rsrsrs). Consegui finalmente o barbecue da Jack Daniel’s, mas a pobreza é tamanha. É possível ver num mesmo lugar luxo e miséria. Crianças agarradas em restos de embalagens do McDonald´s. Lojas luxuosas que ao sair delas é possível ver sujeira espalhada por todo canto. Ninguém deveria viver assim. No mais, a viagem foi muito boa. Quero voltar à Argentina, mas dessa vez de moto.

Antes de me despedir, preciso contar a história do Mister Braço. Ele estava saindo de Foz do Iguaçu quando foi barrado pela alfândega. Um policial baixinho e cara de mau pediu que ele abrisse a mala. Ao abri uma quantidade bizarra de produtos usados por “malhadores” preguiçosos. Depois de serem apreendidos os produtos, Mister Braço teve o nome fichado como possível contrabandista de anabolizantes (hahahaha). Sensacional. Vai malhar, Mister Braço!

Abraços,
Miss J.

19 de mai. de 2011

ALÔ, ALÔ W O BRASIL


Mando notícias da Terra.
Estou a caminho do Paraguai.
No mais, sem notícias.

Volto na próxima semana.
Com boas histórias para contar.
Confiem.
Até lá levarei todos vocês.

Agora devo partir.
Já vejo as luzes na pista de vôo
com um avião chamado esperança a me esperar.

Devo ter pressa.
Pelo menos nesse instante serei apenas eu.
Sinto orgulho.
De mim.
De tudo que me fez chegar até aqui.
Justamente numa semana,
onde duvidei.
Desacreditei.

Hoje, tenho as asas da imensidão.
Posso enfrentar o mundo,
meus medos
e a mim.

Agora tenho mesmo que ir.
Deixo um beijo para todos vocês.
Nos vemos.
Em breve.

Alô?!? Alô?!?

(Tum, Tum, Tum... sua chamada foi perdida. Tente mais tarde.)  

11 de mai. de 2011

ERA POSSÍVEL OUVIR OS TIROS E A VOZ DE DON BUKOWSKI


Na sexta passada, Grande Oráculo, me veio com uma grande missão: assistir a trilogia do “Poderoso Chefão”. Assisti o primeiro ainda criança e não me lembrava de nada. Das vozes, do Al Pacino, Marlon Brando, Robert De Niro e outros atores fantásticos. Eles ainda novos e tão bons, mas tão bons, que dá até vontade de chorar. Uma geração fantástica. Queria ter visto isso de perto e de certa forma vi.

Depois de assistir os três filmes direto, passei a noite pensando que aqui no Bukowski, somos uma família de mafiosos. Um cuida do outro e não admite nenhum tipo de traição. Não matamos. Embebedamos uns aos outros. Grande Oráculo é o Don Bukowski; Mister Money, o “consigliere” (conselheiro da máfia); Mister Braço e eu, somos os “capis” (subchefes da máfia) e os demais, os capangas.        

E não é que o assunto me marcou tanto que estou vivendo isso desde segunda em sonho. Todas as noites ao adormecer, sonho que estamos caçando traidores e ampliando nosso território. As balas dos revólveres são feitas de uísque. Andamos de chapéu, fumamos cigarrilhas e matamos nossos inimigos, colocando-os para ouvir axé sem parar. Dançamos tarantela ao som do rock and roll. Pessoas novas aparecem e a cada noite ocorre uma verdadeira disputa. Posso acordar e voltar a dormir que volto a sonhar com a máfia. Mas que merda é essa?!?

No sonho de ontem, eu perseguia um cara do início ao fim. Não o achava e no final, eu acabava apaixonada por ele. Quando acordei, fui atrás do livrinho dos sonhos (rsrs). Brincadeira! Não nego que tenha pensado sobre o assunto e me sentido estranha. Mas o que parecia estranho ficou ainda mais. Ao sair de casa, lá estava ele. Exatamente o mesmo cara. Parado no ponto, com uma maleta, óculos de “nerd” e suspensório. Merda! Em nada parecia com aquele mafioso. Foi quando me dei conta: era melhor sonhar.

Voltando para a cama,
Miss J.

5 de mai. de 2011

TUDO TERMINA BEM, DEPOIS DE UMA QUINTA-FEIRA À TARDE


Nossa mania do momento é jogar. Resolvemos dividir nossos vícios em vários e supri-los aos poucos, em vez de apenas um em excesso. Segundas e sextas, nós jogamos no Jockey. Nas terças, saímos. Quarta-feira é dia de jogar pôquer. Quinta é o dia da rebordosa.  E em todos esses dias, bebemos.

Ontem jogamos pôquer, mas não estávamos com sorte. Na verdade, durante toda à noite flertamos com o azar. Depois de algumas doses de Black Label e algumas puxadas num charuto cubano, percebemos que não era dia. Algumas pessoas ainda chegavam. Velhos amigos. Pessoas que não víamos há muito tempo e foi inevitável não falar sobre a vida. Éramos um bando de loucos entre cigarros, charutos, vinis, a velha vitrola que sempre nos uniu durante a vida, garrafas e mais garrafas de uísque.

Foi bom, depois de horas de papo furado e boas risadas, nos despedimos ao amanhecer num dia ainda nublado. Já não tínhamos mais dinheiro. No final estávamos apostando amendoim. Foi quando comecei a ganhar. Foi bom. Terminei às 7h30 fazendo pé de moleque, ouvindo Aretha Franklin e tomando as “saideiras”. Como eu adoro essas quartas à noite... 

Depois que acordei, lá pelas 14h, vim trabalhar. Rever todos aqueles rostos que haviam passado a noite comigo, foi renovador. Sempre bom tê-los por perto, ainda mais depois de uma noite de bebedeira. Como não havíamos comido, o plano era claro: almoçar no Leme. Fechamos o escritório. Grande Oráculo, Mister Money, Miss Ressaquinha, Miss Artista, Mister Mago e eu, rumo a uma tarde incrível no Leme. E foi mesmo... Um almoço delicioso, com direito a entradas, vinhos, medalhão com arroz de gorgonzola e profiteroles. Como é bom comer bem depois de uma noite de quarta. Mais tarde é hora de filme e sono. Que delícia!

Amanhã é sexta-feira e o homenageado é você. Cada um de vocês. Bar Bukowski: resistindo desde 1997 graças a você.

Abraços,
Miss Janis.

4 de mai. de 2011

COMO ENCONTRAR, NO MEIO DE TANTOS, UM DE NÓS?


Eu sumi. Fui consumida pelas coisas do mundo. Pelas tramas paralelas. Esqueci de mim. De vocês, que às vezes se lembram dessa garota. Esqueci um monte de coisas. Eram tantos projetos, tantas cobranças, tantos porres, tanta coisa para fazer e quase nenhum tempo para a inspiração. Esqueci dela também. Não era capaz de expressar uma só palavra, ou emoção. Vazia de certezas e repleta de dúvidas. Buscando significados que iam além dos meus porres, dos meus pensamentos e da minha razão.

Depois desse um mês estava pronta. Já não era mais a mesma. Estava com ânsia de escrever. Não é a primeira vez que isso acontece. Acordei faminta por arte, por poesia, por palavras. Era hora de voltar aos velhos hábitos. E aqui estou eu. Nova e velha ao mesmo tempo.

Ontem e hoje, nós entrevistamos algumas pessoas para as vagas de garçom, barman e caixa. O anúncio no jornal dizia o seguinte: O Bar Bukowski orgulhosamente contrata barman e garçons. Pessoas que gostam de rock e da noite. Comparecer na terça-feira de 13h às 17h. Traga o currículo e se quiser, sua própria bebida.

Queríamos pessoas como nós. Gente bacana. Pessoas que gostem de música boa, de bater papo e beber. Logo de primeira, um abstêmio. Depois, um cara que gostava de um tipo de música meio duvidoso. Logo em seguida, um garçom que queria ser gerente. Estávamos ficando sem esperanças. Era óbvio que pessoas como nós não procuravam emprego em jornal. Até que começou a melhorar e no final encontramos dois, ou três legais.

Mas podia ser melhor. Olha o que teria sido a cena ideal: chega um cara, ou uma mulher, tanto faz, e trás debaixo do braço uma garrafa. Dentro uma bebida forte, com um perfume aveludado e paladar amadeirado. O bom e velho Jack Daniel’s. Ou sei lá, que tivesse chegado até com uma garrafa de 51. Da próxima vez amigos, inspirem-se. Aqui é o lugar certo para isso.

De volta e com o compromisso de fazer diferente,

Miss J.

31 de mar. de 2011

DEPOIS DE DUAS SEMANAS DE MERDA, RETORNO. JUSTAMENTE NA SEMANA DA GULA

Com o fim do Projeto Etílico não andava muito animada. Estava sem álcool. As garrafas estavam vazias e espalhadas pelo chão. Já não tinha mais a mesma inspiração. Sem a bebida entendi porque Charles Bukowski precisava beber para escrever. Eu era como ele. Um “beberrão”, mas de saia. 

Lembro da minha primeira semana no Bukowski. Já apresentava sinais claros de alcoolismo, quando Mister Moto fez a profecia: “Você será a neta do Bukowski” - estaria ele certo? Havia chegado a um estágio de alcoolismo preocupante? Com isso, precisava me testar.

Depois de quase dois meses bebendo destilado como se fosse água, eu teria meu final de semana da abstinência. Na sexta até que foi tranqüilo. Acabei trabalhando na porta, o que fez com que as horas passassem rápido. Já no sábado, estava louca. Precisava do álcool, das garrafas espalhadas e das guimbas queimadas no chão. Senti falta de todo meu ritual e dos antigos hábitos.

Agüentei até 24h, quando virei a primeira dose de Jack Daniel’s. Uma não me bastou. Foram necessárias mais duas para eu sentir que tudo estava melhor. Com isso descobri duas coisas. Primeiro, eu realmente me tornei uma alcoólatra. Segundo, a vida seria bem pior sem o álcool.

Em Abril, estaremos fazendo o Mês dos Pecados no Bar Bukowski. A primeira festa (01/04) vai ser em homenagem a Gula. Vai ter concurso de comida e outras coisas mais. Imperdível.

Pronta para um transplante de fígado e muito ansiosa para ver o concurso amanhã,

Miss J.

17 de mar. de 2011

DEPOIS DE VIRAR DUAS DOSES DE UÍSQUE, O MUNDO PARECIA MELHOR

Estava sem “saco” para escrever. Numa semana dos infernos, não conseguia conectar o pensamento as palavras. Não estava criativa. Passou a semana inteira de mau humor. E quando achava que nada resolveria, foi desafiada com R$ 30,00. Sua missão: virar duas doses de Black Label, com direito a uma respiração. Não foi difícil. Com anos de prática, virar duas doses não era uma missão impossível. Na verdade, era um hábito. Dos bons.

Bebeu. Fez uma leve cara feia. Sentiu o amargo e o gosto amadeirado do uísque. Fechou os olhos. Abriu. Viu todo aquele mundo cinza desaparecer. Foram 100 ml de alegria engarrafada. De filosofia. De mudança de pontos de vista. Pensou pelo menos num instante que a vida podia ser sempre assim.

Acreditou na possibilidade de ter o uísque como remédio. Viu que não era possível. Mas teve pelo menos aquele momento. Uma pequena parcela de segundo que fez a vida valer à pena. E valia, mas não naquela semana. Mas tudo bem. Sabia que ia melhorar. Estava à espera do arco-íris. Ele chegaria, mas não na semana cinza.

Miss J.   

10 de mar. de 2011

NO MEIO DA FOLIA, TERMINAMOS JUNTOS, O ROCK, O UÍSQUE E EU.



 
O último final de semana era um dos mais esperados do ano. Manter o rock ‘n’ roll em plena loucura de blocos e carnaval não é das tarefas mais fáceis. Trabalhamos muito antes. Fizemos divulgação na rua, sempre acompanhados de uma garrafa de bebida. Na última quinta terminamos bêbados divulgando e divagando na Cobal. Sentamos-nos à mesa de clientes, bebemos a cerveja dos outros. Fizemos amigos. Aprontamos. Conhecemos uma garota grudenta que falava sem parar. O que nos fazia beber sem parar.

Já na sexta, acordo bem. Percebo que é sexta de carnaval e que abriríamos logo mais. Sinto minha barriga embrulhar de nervoso. Estava ansiosa. Seria o “debout” no carnaval, da atual equipe de marketing do Bukowski. Minha equipe. Pessoas que eu adoro. Chego ao Bukowski às 13h e fico até as 22h, sem parar. Tomo uma ducha gelada no banheiro dos funcionários e o frio na barriga permanece. Fracassaríamos, ou venceríamos?

À noite, já nada mais importava. Tudo já havia sido feito e era hora de relaxar. Nada melhor do que continuar nosso Projeto Etílico com uísque. Uma bebida destilada de grãos e envelhecida em barris. Com regulamentação rígida, possui denominações para cada tipo. O sabor é determinado 60% por causa do tipo de barril usado no envelhecimento.

Até a terceira dose de Black Label estava tudo bem. Estava tomando “suquinho” de uísque. Depois, não me lembro quantas doses foram. E sinceramente, prefiro não saber. Recebi a visita de uma grande amiga e ficamos as duas bêbadas conversando por horas. E a casa enchia... Todos os recordes carnavalescos já tinham sido superados. Já era o melhor carnaval do Bukowski. E eu, bêbada sem quase ver a noite passar.

Sábado acordei ótima. Estava disposta, faminta e pronta para mais uma. E mais tarde teria. Na lista de bebidas que faltavam, ainda tinha Jagermeister e Amarula. Tentei a primeira opção. O tal do "JägerBomb". Não gostei. Bebi uma dose e só. O 9º destilado mais consumido do mundo passa longe da minha lista dos dez. O que me fez lembrar: não confie na maioria.

Keep walking,
Miss Janis.